A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA DO AZEITE DE DENDÊ NO BAIXO SUL DA BAHIA: Os impactos ambientais gerados pelo processo de fabricação.

12/01/2020 13:55

Por Ricardo Conceição Pereira - Artigo PPGDSR/IFBA

 

O objetivo deste trabalho foi analisar a importância da gestão ambiental no processo de fabricação do azeite de dendê e analisar os impactos gerados no Território do Baixo Sul da Bahia. O levantamento de dados ocorreu em 12 empreendimentos, incluindo indústrias de médio e grande porte que produziam azeite e óleo de palmiste.  A pesquisa foi realizada na Costa do dendê, nos seguintes municípios:  Camamu, Igrapiúna, Ituberá, Nilo Peçanha, Taperoá e Valença. A metodologia utilizou a aplicação de questionários estruturados, que foram enviados eletronicamente para os funcionários das instituições, além de visitas in loco. Os resultados evidenciaram que a indústria do dendê apresenta alguns aspectos e impactos ambientais durante sua fabricação, muito embora, durante seu processo não haja desperdícios. 

A pesquisa apresenta o cenário regional da produção e industrialização do dendê, na região do Território Baixo Sul da Bahia. A pesquisa revela alguns aspectos da cadeia produtiva, abordando como questão central, os principais impactos que são gerados pelas indústrias, sejam eles positivos ou negativos.

A partir da compreensão acerca do contexto regional sobre a importância da gestão ambiental nos empreendimentos produtores do azeite e do óleo de palmiste, foi possível trazer uma discussão e reflexão sobre os aspectos da produção nesse setor, observando a gestão e o monitoramento ambiental como ferramentas de significado amplo dentro dessas unidades de produção. Observou-se ainda que é necessário buscar a inovação, padronização e a Educação Ambiental, além do entendimento e execução dos trâmites de licenciamento ambiental e vigilância sanitária para uma eficaz ação em prol do meio ambiente.

 A produção de azeite e óleo de dendê, que ocorre nos municípios de Camamu, Igrapiúna, Ituberá, Nilo Peçanha, Taperoá e Valença, traz características de produção bem distintas, sendo algumas delas caracterizadas pelo seguimento industrial, e outras por seguimentos artesanais, através das unidades artesãs.

O processo de implantação dos engenhos de dendê é realizado através de equipamentos tradicionais, de forma rústica e, muitas vezes, ambientalmente inadequada, utilizando animais para movimentar os roldões; a força humana para pilar o dendê, através de tachos, tonéis, pilões de madeira, mãos-de-pilão, cochos de cimento, etc; utilizando-se, na etapa de lavagem, água doce ou salgada sem qualquer tratamento ou racionamento; pouca ou nenhuma preocupação com a destinação adequada dos resíduos, como o bagaço do dendê ou da água para fabricação do azeite, liberada logo após a apuração, sendo descartada nos rios, tornando-se visível nas bordas dos rios como impactante poluição.  

Em se tratando dos proprietários e funcionários dos engenhos, uma ressalva deve ser feita acerca da baixa qualificação profissional no seguimento artesanal, onde existe uma carência de alfabetização local e de escolas profissionalizantes, prioritariamente devido à ausência de treinamentos oferecidos gratuitamente pelo governo. Dessa forma, os proprietários e funcionários desse seguimento terminam atuando de forma artesanal e rudimentar, assim como aprenderam com seus antepassados. Já no seguimento da indústria, é notável uma melhor organização, contendo ainda algumas deficiências laborais.

Sendo assim, diante de tais cenários, propõe-se a seguinte questão problema: “Qual a importância da gestão ambiental e monitoramento dos resíduos sólidos e efluentes líquidos na indústria do azeite do dendê e do óleo de palmiste nas localidades em estudo?”.

Sabe-se que todo crescimento gera impactos negativos e também positivos, e nesse sentido, é possível orientar as empresas rumo a um desenvolvimento sustentável e aumento na produtividade, apropriando-se de novas tecnologias ofertadas para o seguimento industrial no Brasil. Todavia, esse tem sido um dos grandes desafios da atualidade para o Estado da Bahia e de sua gestão pública municipal: tentar implantar novas tecnologias que já estão em uso em outros Estados, como o Pará, e oferecer, através de parcerias, a implementação para essa região.

Com base nas diretrizes do desenvolvimento sustentável, é possível que os empreendimentos desse ramo, possam vir a produzir com eficiência e padronização os seus processos, reduzindo e minimizando os impactos negativos que suas atividades venham a causar, principalmente para as comunidades ribeirinhas.

Durante as pesquisas de campo, foi possível estabelecer um vínculo entre pesquisador e colaboradores do empreendimento, através da realização de um grande seminário, proposto através de parcerias, a fim de fomentar as atividades de capacitação e implementação dos programas de gestão ambiental, além da proposição de medidas para mitigação de impactos.

Nos empreendimentos que foram pesquisados, observa-se a necessidade de adequação legal, conforme a legislação vigente, onde o maior gargalo é a carência de legalização dos empreendimentos assim como a implantação do Sistema Simplificado de Gestão Ambiental com proposta de minimizar aspectos negativos do processo de fabricação, assim como fomentar a Educação Ambiental continuada para funcionários e proprietários.A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO AMBIENTAL NA INDÚSTRIA DO AZEITE DE DENDÊ NO BAIXO SUL DA BAHIA.pdf