Costa do Dendê, o berçário da Diversidade.

Costa do Dendê, o  berçário da Diversidade.

Por:  Ricardo Conceição Pereira 

Diretor Técnico e Comercial – Biólogo, Fundador da empresa RP Ambiental.


A Costa do Dendê apresenta grande riqueza ecológica, cultural e histórica. Seus diversos ecossistemas – praias, baías, cachoeiras, manguezais, restingas, estuários, dentre outros – possibilitam diversas atividades de turismo e de lazer. 

A região do Baixo Sul caracterizou-se como uma área pioneira no processo de ocupação do Brasil, iniciado no século XVI. Através desses cinco séculos, a região passou por mudanças nas suas dimensões econômica, social, cultural e ambiental, exemplo da dinâmica e vitalidade extraordinária dos trópicos – das permanentes formações e transformações no tempo. Os primeiros 50 anos de colonização correspondem ao início da transformação da mata em áreas agriculturáveis nas ilhas de Cairu, e nos principais pontos de penetração continental, ciclo que foi interrompido na parte continental pela hostilidade dos índios Aimorés. 

 Descrever a história do Baixo Sul da Bahia implica em relatar parte da história da Região Sul do Estado da Bahia, abordar a História da Sub-região dos Tabuleiros Costeiros de Valença e um breve relato de cada um dos seus seis municípios, considerados atualmente como sendo parte do Baixo Sul – Camamu, Ituberá, Valença, Igrapiúna, Nilo Peçanha e Taperoá. As mudanças na estrutura econômica e social da Região Sul da Bahia e, portanto, do Baixo Sul, observadas a partir de sua ocupação no Século XVI, basearam-se principalmente na exploração de suas potencialidades naturais. Nesse processo, grandes extensões de terra foram desmatadas e, posteriormente, ocupadas pela agricultura e pecuária.

Exite uma  grande diversidade das espécies de aves, mamíferos, répteis, anfíbios e invertebrados , contrastando com a alta pressão antrópica, justificam a inserção da APA do Pratigi entre as áreas de maior prioridade para a conservação da biodiversidade do Corredor Central da Mata Atlântica. Um exemplo disto são dados do Ministério do Meio Ambiente que apontam o relevante número de 458 espécies lenhosas por hectare, além da identificação de 330 espécies de aves, o que corresponde a quase metade de todas as espécies de aves do Estado da Bahia, sendo que destas 16 espécies são consideradas raras, ou com algum grau de ameaça, apresentando populações abundantes. Nas pesquisas botânicas, novas espécies também estão sendo descritas pela primeira vez na Mata Atlântica.

O extrativismo de madeiras nobres, a exemplo do pau-brasil, marcou o início da colonização da Região Sul, promovendo, na primeira metade do Século XVI, o surgimento de entrepostos comerciais ao longo da costa. A cana-de-açúcar passou a ocupar lugar privilegiado na economia local, prevalecendo até o final do Século XVII, quando surgiram as primeiras povoações em decorrência da expansão dessa cultura. A partir desse momento, a Região Sul tornou-se grande produtora de alimentos, como farinha de mandioca, milho, arroz e feijão, além de derivados da atividade pesqueira.

Para desenvolver seu trabalho, a OCT delimitou três Macro Zonas na APA do Pratigi, com características e dinâmicas econômicas e socioambientais distintas, denominadas de Ecopolo I, II e III. 

O Baixo Sul caracteriza-se por apresentar clima tropical com elevadas temperaturas e precipitações, influenciadas pela proximidade do mar. As temperaturas médias anuais variam entre 21° e 25°C, sendo maiores e com menor amplitude térmica na faixa costeira. Os meses mais quentes estão entre janeiro a março e os mais frios são julho e agosto. Os maiores índices pluviométricos verificam-se ao longo do litoral, com faixa de umidade que decresce no sentido leste oeste, caracterizando tipos climáticos distintos como: úmido, úmido a subúmido e seco a subúmido. O regime pluviométrico é regular com chuvas abundantes distribuídas durante o ano, com médias anuais superiores a 1.750 mm. Os meses de maior pluviosidade estão entre março a junho e os de menor pluviosidade entre agosto e outubro; não ocorrem meses propriamente secos no Baixo Sul. Por se tratar de uma área com grande influência da zona litorânea, a umidade relativa média gira em torno de 80% a 90%, e a velocidade média dos ventos varia entre 1,29 m/s a 2,9 m/s dependendo dos meses do ano.

A  região tem predominânçia de vejetão de Mata Atlântica, denominação genérica que se aplica a diversas formações florestais fisionômica e floristicamente distintas. Considera-se que a Mata Atlântica originariamente se estendia na costa do litoral brasileiro desde o Rio Grande do Sul até o Rio Grande do Norte, ocupando 15% do território brasileiro. De acordo com o Conselho Nacional de Meio Ambiente - CONAMA (1992), cerca de 30% do Estado da Bahia era originariamente coberto por Mata Atlântica Distribuído ao longo de mais de 23º de Latitude Sul, o bioma “Mata Atlântica” é composto por uma série de fitofisionomias diversificadas. De acordo com o artigo 3º do Decreto Federal 750/93, definem-se como Mata Atlântica: Floresta Ombrófila Densa, Floresta Ombrófila Mista, Floresta Ombrófila Aberta, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Estacional Decidual, Manguezais, Restingas, Campos de Altitude, Brejos Interioranos e Encraves Florestais do Nordeste. Tal diversificação ambiental possibilitou um complexo biótico altamente rico para o Baixo Sul.

Com o olhar sócio economico regional, quero destacar  comério e indústria e uma das principais atividades econômicas é o turismo,  promissoras na zonalitorânea, propiciado pelo seu patrimônio paisagístico constituído de notáveis belezas naturais eculturais. Entretanto, em contraposição à exuberância das paisagens naturais, hoje, convivem grupos humanos em situação de reconhecida pobreza. Ao analisar a dimensão social na zona turística da Costa do Dendê, todos os municípios estão incluídos na categoria “condições sociais ruins, na qual estão enquadrados “municípios que  apresentaram indicadores sociais caracterizados por mortalidade média e analfabetismo alto ou muito alto.

 O Dendê de Valença apresenta a potencialidade para torna-se uma Denominação de Origem devido a singularidade, o saber fazer intrínseco no método de produção, além de ser um produto conhecido nacionalmente, o que leva ao produto ser referência a uma zona turística da Bahia como é a Costa do Dendê. 

O Guaraná de Taperoá apresenta condições favoráveis ao registro de uma Denominação de Origem devido a singularidade da produção, dos métodos de produção que se diferem dos demais locais do mundo, das condições climáticas, pedológicas que são únicas. Destaca-se que a cadeia produtiva do guaraná e um associativismo forte na região, são condições que credenciam para torna-se uma Denominação de Origem. Embora estes produtos apresentem uma potencialidade para um dia ser uma Indicação Geográfica, verifica-se que é preciso existir um nível de associativismo e cooperação aceitável, para que exista um processo de debate entre os produtores e os demais entes da cadeia produtiva.

Portanto, e ímportante resaltar  que o Território de Identidade do Baixo Sul apresenta produtos e serviços de grande destaque no âmbito da economia regional da Bahia e do Brasil. Destaca-se: o Dendê de Valença e o turismo  em Cairú, ituberá e a Baía de Camamu, apresenta uma notoriedade em sua diversidade  cultural e geoeconomica e ambiental.  Também destaco as cadeias pordutivas:  piaçava, Serigueria, Dendê, cravo, guaraná e a mandioca dentre outros produtos da diversidade turistica Regional.

 

Fontes:

  • https://www.oct.org.br/apa-do-pratigi/apresentacao/19
  • www.inema.ba.gov.br
  • https://sit.mda.gov.br/download/ptdrs/ptdrs_qua_territorio021.pdf
  • https://www.rma.org.br/mataatlantica/index.html
  • https://pt.scribd.com/document/277538140/EIA-RIMA-Cova-de-ONca-pdf
  • https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0370-44672002000200013
  • https://www.goat.fis.ufba.br/uploads/userfiles/32.pdf
  • https://repositorio.unb.br/bitstream/10482/1094/1/Dissertacao_2007CarlaMichelleLessa.pdf
  • https://repositorio.ufba.br/ri/bitstream/ri/10466/1/Isidoro%20Semedoseg.pdf
  • https://portalseer.ufba.br/index.php/nit/article/viewFile/12266/pdf_115
  • https://www.ibam.org.br/media/arquivos/estudos/estudo_terragua.pdf